Histórico da Oceanografia

18-07-2011 23:09

O mar sempre representou uma inesgotável fonte de mistérios e desafios para o homem. Os povos primitivos viam-no como um universo repleto de seres fantásticos e monstruosos, difícil de enfrentar e de conhecer. Aristóteles, em 380 a.C., foi o primeiro pensador a estudar o oceano utilizando uma metodologia mais científica. No entanto, apesar do início tão precoce, passaram-se cerca de dois mil anos até que a ciência oceanográfica viesse efetivamente a existir.

 

Em 1853, Matthew Fontaine Maury organizou a primeira Conferência Internacional de Meteorologia em Bruxelas (Bélgica) para estabelecer uma uniformização dos métodos náuticos e observações meteorológicas no mar. Em 1855, ele sumarizou seus dados em "The Physical Geography of the Sea". Por esta iniciativa, Maury é freqüentemente referido como o pai da Oceanografia.

Mais tarde, em 23 de dezembro de 1872, o veleiro H.M.S. Challenger deixou a Inglaterra para percorrer, durante três anos, 110 mil quilômetros. Essa aventura se deu por todos os oceanos, recolhendo material e informações que permitiram um grande avanço do conhecimento sobre o mar. Os resultados da viagem do Challenger geraram uma publicação com 50 volumes, e marcaram o nascimento da moderna ciência oceanográfica. A partir dessa época, a Oceanografia experimentou um desenvolvimento crescente, que se intensificou especialmente com os progressos tecnológicos que permitiram a construção de equipamentos cada vez mais sofisticados para a exploração direta e indireta do ambiente marinho.

Entre 1957 e 1958, a realização do Ano Geofísico Internacional mobilizou uma força tarefa de mais de 20 mil pesquisadores de 66 países para a investigação dos fenômenos físicos da Terra, incluindo os fenômenos oceanográficos. Como parte desse programa foram lançados os primeiros satélites artificiais: Sputnik e Explorer. A necessidade de se investigar o oceano de forma sistemática forçou a formação de comissões científicas internacionais, como o Comitê Científico de Pesquisa Oceânica (SCOR), ainda na década de 50, e vários experimentos, como o Oceano Tropical e Atmosfera Global (TOGA), em 1984, e o Experimento da Circulação Oceânica Mundial (WOCE), em 1988. Neste último, durante 10 anos, mais de 30 países fizeram observações amostrais locais e por satélites em todos os oceanos do planeta, tentando entender melhor os processos físicos até então pouco conhecidos.

Nos últimos 30 anos, navios oceanográficos, satélites artificiais, bóias automáticas, e um enorme avanço na computação e em técnicas de análise, expandiram significativamente as fronteiras da Oceanografia. No Brasil, o estudo oceanográfico sistemático iniciou-se com a criação do Instituto Paulista de Oceanografia em 1946, que foi absorvido pouco depois pela Universidade de São Paulo com o nome de Instituto Oceanográfico. Sete anos depois, em Rio Grande (RS), a fundação da Sociedade de Estudos Oceanográficos do Rio Grande (SEORG), seguida da realização da Semana Oceanográfica, em 1954, e da fundação do Museu e Aquário Oceanográfico, em 1955, impulsionam ainda mais os estudos oceanográficos no Brasil. Desde essa época, diversos núcleos de pesquisa oceanográfica foram criados, sendo hoje, raras as universidades brasileiras localizadas na região litorânea que não desenvolvam algum tipo de trabalho voltado para o mar.

Na década de 1970, foram criados dois cursos de graduação em Oceanografia no Brasil: o primeiro, em 1971, pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e o segundo, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1977. Em 1992, a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) consolida o interesse pela Oceanografia no Brasil implementando seu curso de graduação. Anos mais tarde, esse interesse pela ciência e pela demanda do profissional oceanógrafo expandiu-se para outras regiões e estados do Brasil, estimulando a criação de novos cursos de graduação em Oceanografia nas seguintes instituições: UNIMONTE (SP), em 1998; UFES (ES) e UFPA (PA), em 2000; USP (SP), em 2002; e UFBA (BA), em 2004. No final de 2004 o curso de Ciências do Mar da UFPR, instalado em 1999, transforma-se no nono curso de Oceanografia do país.

 

Fonte: 

https://www.aoceano.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=3&Itemid=159